Caminhava de volta pra casa, com o gosto amargo da despedida na boca, a se misturar com o doce que restava nos lábios daquele último beijo.
Apesar de todas aquelas luzes, barulho e movimento na rua, criou para si um deserto e ali ficou perdida em suas lembranças, seus sentimentos e seus desafetos.
Tentava desesperadamente acalmar seu coração.
Aquele coração tolo e intransigente, desprovido da razão e nem tão emocionado assim. Aquele coração impulsivo que pulsava acelerado toda sua indignação com o abandono, toda a tristeza de quem se sente só.
Mas não havia espaço para a calma.
(Não há espaço para a quietude, quando as fichas caem).
Havia apenas um vazio.
Ela caminhava e refletia...
Tornou-se uma pessoa amarga e admitia o seu egoísmo.
Tinha aquele amor como seu e o via inabalável.
Só que ela esqueceu que amor é via de mão dupla...
É troca.
Tanto que achando que amava o outro, não percebeu que deixava de cultivar o tal amor...
Ela só conhecia o amor próprio. Do jeito mais impróprio possível...
E estava claro, que uma hora o outro ia cansar.
Cansar de amar pelos dois, de amar sozinho.
Cansar de ser sempre o único a compreender, a perdoar.
Cansar de se doar sem retorno, de viver em função de alguém que caminha a sua frente e não ao seu lado...
Eis que o outro cansou...
O outro pôs um fim naquilo que poderia ter sido tudo... Só não foi (e não teria jeito de ser) amor.
E ela, tão segura de si e dona das suas verdades. Ela, tão forte, se fragilizou.
Continuava caminhando e chegou a sentir pena de si mesma.
Reconheceu, rápida e lúcida, que ela própria foi quem construiu a estrada que a levou até tal ponto.
Quis chorar.
Tentou se arrepender...
Parou.
E por um momento cogitou a possibilidade de voltar, de pedir para que o outro ficasse, para que o outro não a abandonasse.
Diria a ele que mudaria que seria diferente, que...
Súbito, voltou a caminhar de volta pra casa.
Aquele coração era orgulhoso de mais.
Sabia que não mudaria sua essência.
E na volta pra casa, em meio ao seu deserto, envolvida em seus pensamentos, perdida nas sensações, fascinada e assustada com sua fragilidade, tomou para si como verdade a seguinte conveniência que inventou para seu coração:
Na vida, há aqueles que nascem para amar. Há aqueles que nascem para serem amados. E raros são os que amam e são amados mutuamente.
(E quem decide? De quem é a escolha? De quem parte a mudança, se esta for possível?)
Ninguém tem culpa.
E ela também não teve.
Apesar de todas aquelas luzes, barulho e movimento na rua, criou para si um deserto e ali ficou perdida em suas lembranças, seus sentimentos e seus desafetos.
Tentava desesperadamente acalmar seu coração.
Aquele coração tolo e intransigente, desprovido da razão e nem tão emocionado assim. Aquele coração impulsivo que pulsava acelerado toda sua indignação com o abandono, toda a tristeza de quem se sente só.
Mas não havia espaço para a calma.
(Não há espaço para a quietude, quando as fichas caem).
Havia apenas um vazio.
Ela caminhava e refletia...
Tornou-se uma pessoa amarga e admitia o seu egoísmo.
Tinha aquele amor como seu e o via inabalável.
Só que ela esqueceu que amor é via de mão dupla...
É troca.
Tanto que achando que amava o outro, não percebeu que deixava de cultivar o tal amor...
Ela só conhecia o amor próprio. Do jeito mais impróprio possível...
E estava claro, que uma hora o outro ia cansar.
Cansar de amar pelos dois, de amar sozinho.
Cansar de ser sempre o único a compreender, a perdoar.
Cansar de se doar sem retorno, de viver em função de alguém que caminha a sua frente e não ao seu lado...
Eis que o outro cansou...
O outro pôs um fim naquilo que poderia ter sido tudo... Só não foi (e não teria jeito de ser) amor.
E ela, tão segura de si e dona das suas verdades. Ela, tão forte, se fragilizou.
Continuava caminhando e chegou a sentir pena de si mesma.
Reconheceu, rápida e lúcida, que ela própria foi quem construiu a estrada que a levou até tal ponto.
Quis chorar.
Tentou se arrepender...
Parou.
E por um momento cogitou a possibilidade de voltar, de pedir para que o outro ficasse, para que o outro não a abandonasse.
Diria a ele que mudaria que seria diferente, que...
Súbito, voltou a caminhar de volta pra casa.
Aquele coração era orgulhoso de mais.
Sabia que não mudaria sua essência.
E na volta pra casa, em meio ao seu deserto, envolvida em seus pensamentos, perdida nas sensações, fascinada e assustada com sua fragilidade, tomou para si como verdade a seguinte conveniência que inventou para seu coração:
Na vida, há aqueles que nascem para amar. Há aqueles que nascem para serem amados. E raros são os que amam e são amados mutuamente.
(E quem decide? De quem é a escolha? De quem parte a mudança, se esta for possível?)
Ninguém tem culpa.
E ela também não teve.