Grandes pensadores, escritores já utilizaram o nome “Vasco da Gama” em suas escritas. Seja falando do Navegador dos mares, descobridor do caminho das índias ou da nau das quadras, raias e gramados.
Quando Luís Vaz de Camões, em os Lusíadas, publicado em 1572, escreveu:
“Trabalha por mostrar Vasco da Gama
Que essas navegações que o mundo canta
Não merecem tamanha glória e fama
Como a sua, que o céu e a terra espanta.”
O grande nome da literatura portuguesa se referia ao heroico português, e, mesmo sem imaginar, cravava uma profecia.
Hoje, milhões de pessoas cantam de coração, carregam a cruz de malta (na verdade, a pátea e até a de Cristo) como seu pendão, pois a nau dos gramados carrega o nome do heroico português e com história centenária, a sua fama assim se fez, e faz.
As navegações que o mundo canta, continuam não merecendo tamanha glória e fama como as suas. O pioneirismo da conquista, já mostrado por Vasco da Gama, nos revoltos mares das navegações, é levado à risca nos gramados. Enquanto o heroico português honrosamente transpassou o Cabo da Boa esperança, a caravela da zona norte carioca transpassou a barreira do preconceito racial e social. Ergueu seu próprio templo. Transformou-se em expresso, o da vitória.
Não é toa que a frase de Ciro Aranha torna-se perpétua, pois de fato, com tamanha história, “Enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”.
Talvez, eu esteja aproveitando do momento de uma conquista para expor o que penso. Na verdade, não o que simplesmente penso, e sim tamanha paixão que carrego em meu peito. E de fato, não existira momento melhor poro colocar pra fora esse carrossel de emoções.
Pode até ser que pra mim seja mais fácil dizer isso, pois desde que acompanho futebol comemorei títulos Brasileiros, Libertadores, estaduais, rio-são Paulo, MERCOSUL. Cresci sendo moldado e acostumado a vencer. É... de fato, quando tudo está bem, se torna mais fácil cultivar o amor. Mas, nem tudo é um mar de rosas.
Depois de tanto sucesso, vieram oito anos de muita luta. De choro. Sim, eu chorei. De piadas, de deboches, enfim, foram oito anos difíceis. Todo mundo já sofreu por amor, e desde 2003, nós vascaínos vínhamos sofrendo de amor. Eliminações precoces, “vice de novo”, Euricos, Coelhos, Robertos, “Pavões”. Desentendimentos, e o fundo do poço. Pranto, desilusão, mas, é aí que o amor prova que é mais forte que tudo e que quem ama cuida. No pior dos momentos, alguém disse “o sentimento não pode parar” e lá estávamos para não deixar o sentimento parar, com orgulho, cantando, “jamais terás a cruz, esse é o meu batismo”, pois todo vascaíno tem amor infinito, isso tudo, por que de todos os amores que eu tive, és o mais antigo, o Vasco. Ah, o Vasco, minha vida, minha história, meu primeiro amigo. Claro, muitas vezes me perguntaram por que te segui, e a resposta, sempre na ponta da língua. “por que eu te amo.”
Depois de oito anos de árdua labuta, a pressão subiu, a cabeça doeu, o estomago embrulhou e eu me perguntei: “como pode algo tão simples fazer isso comigo? Como posso ser tão doente assim?”. Foi quando me lembrei das sábias palavras de Carlos Drummond de Andrade. “não digo que sou vascaíno doente, pois doente é quem não é Vascaíno”. Quer saber se isso me acalmou? Não, nem um pouco, os sintomas não mudaram, na verdade, até pioraram, pois chegou uma hora em que as pernas adormeceram. E no fim, eu chorei, mais uma vez, eu chorei. Chorei de alegria, de orgulho.
Ah claro, muitos vão dizer, “isso tudo por uma simples Copa do Brasil?”... Sim, isso tudo por uma “simples” Copa do Brasil. Por um simples grito de “é campeão”. Uma pequena recompensa para nós torcedores, que não abandonamos a caravela, mesmo na pior das tempestades. Uma pequena recompensa para os jovens corações infantis, que fazem com que o Vasco seja imortal e que nunca haviam tido esse prazer.
Assim, seguimos, navegando, transpondo os “cabos da boa esperança” que forem surgindo em nossas grandes navegações, pois, sem querer, mas já sendo repetitivo, “enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal” e eu, só tenho uma coisa a dizer:
“Que honra ser saiba eu sou vascaíno, muito prazer”.
Por Thiago Meira Glória
Disse tudo que era necessário. Sem mais.